10 de jan. de 2013

Lembranças...



Eu me recordo...

...desde o primeiro dia em que aprendi a ler, quando as palavras deixaram de ser “coisas pretas estranhas” e passaram a ter um sentido.
Era tudo novo, cada placa de trânsito lida era como ler um tratado de semiótica ou uma enciclopédia! Não que eu soubesse o que era semiótica ou tivesse visto uma enciclopédia antes na vida. Mas, mais tarde, descobri que a sensação era a mesma...
Tudo girava em torno do conhecer e aprender; para isso tive não apenas o  apoio dos professores, mas tive o maior estímulo possível: aquele que apenas a família é capaz de oferecer. Nessas horas, sempre tem um familiar disposto a ensinar o quanto o mundo das letras era maravilhoso. Hoje, tento fazer o mesmo, mas o mundo é outro, e as prioridades mudaram. Não causa mais espanto ler um livro.
É apenas mais uma obrigação.
A recordação mais antiga que possuo da minha aprendizagem, era estar em um salão com mesas e cadeiras, um quadro verde montado em cima de uma estrutura tosca de madeira, e a professora pedindo que nos preparássemos para escrever um ditado. Aqui, um pequeno aparte: mal entrei na escola e parte dela havia pego fogo; fomos obrigados, os mais novos, a estudar em uma outra estrutura escolar, montada às pressas, no ginásio... Apenas, muitos anos depois, quando contava essa historia a outros, percebi que esse era o sonho de todo aluno: que a escola pegasse fogo e não houvessem aulas! Mas, eram outros tempos e, com ou sem destruição, estávamos tendo aula.
Pois bem, voltando ao ditado. Quando a professora disse que era um teste, fiquei nervosa, pois quem fosse bem, ganharia um belo pirulito. E, como eu queria aquele doce! Era considerada a melhor aluna, portanto, aquele pirulito já era meu! Não foi, pois na pressa e na certeza de não ter errado, eu errei e muito!
Fui uma das poucas a não ganhar um pirulito naquele dia. Na hora, foi uma grande decepção, mas como toda a criança me dei conta que nem queria aquela coisa vermelha e sem graça. E a vida seguiu, às vezes, eu ganhava algo pelo meu empenho, mas nunca perdia nada, pois havia aprendido mesmo com as falhas, o conhecimento era algo que uma vez assimilado, nunca mais poderia ser tirado de mim e sempre haveria algo a ser aproveitado em função dele.
Para encerrar, foi na Universidade, onde me diziam que era apenas tudo festa e festa, que percebi que tomar um ‘porre de livros’ me trazia a única ressaca agradável: uma cheia de cultura! Bons tempos...mas não faria tudo, nem nada novamente....kkkkkkk

BEIJOKAS SURTADAS,