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QUANDO SE FALA EM DIREITOS
HUMANOS A REFERÊNCIA VAI SEMPRE PARA A MISÉRIA, AS TORTURAS, PARA TUDO QUANTO
DESRESPEITE, NO HOMEM, SEJA ELE QUEM E O QUE FOR, O SER HUMANO. MAS HÁ OUTRO
TIPO DE DIREITO QUE NÃO RECEBE TANTOS DEFENSORES: É O DIREITO AOS BENS DA
CIVILIZAÇÃO. ENTRE ESSES BENS – DEIXANDO DE LADO OS PURAMENTE MATERIAIS – ESTÁ
A POSSIBILIDADE DE DESENVOLVIMENTO DOS TALENTOS E DA CAPACIDADE DE CADA QUAL,
AQUISIÇÃO DE CULTURA QUE CHEGUE AO MÁXIMO DENTRO DAS NATURAIS LIMITAÇÕES DA
INTELIGÊNCIA, A OBTENÇÃO DE CONHECIMENTOS QUE COLOQUEM A CRIATURA HUMANA ACIMA
DOS BRUTOS, QUE LHE DÊEM MEIOS E MODOS DE PROGREDIR EM TODOS OS SENTIDOS, LI,
RECENTEMENTE, EM REVISTA ITALIANA, QUE “ O DIREITO AO ESTUDO, QUE NÃO É UMA
CONCESSÃO, POIS É DIREITO DE TODOS, DEPENDE DO DESCONDICIONAMENTO SOCIAL DO
JOVEM, E A SOCIEDADE DEVE ESTAR EM CONDIÇÕES DE OFERECER A TODOS OS MOÇOS, SEJA
QUAL FOR SEU SETOR SOCIAL, ESTIMULOS IGUAIS PARA SEU DESENVOLVIMENTO”.
DE FATO, A SOCIEDADE CONDICIONA O
JOVEM PARA SER AQUILO QUE SEU SETOR SOCIAL DETERMINA. DAÍ TANTA INCAPACIDADE
DIPLOMADA A DURAS PENAS, E TANTOS TALENTOS MORTOS EM EMBRIÃO, SEM TEMPO,
SEQUER, PARA SABER QUE PODERIAM TER SIDO DESENVOLVIDOS. O MARGINAL QUE SE FAZ
CHEFE DE QUADRILHA, POR EXEMPLO, É, EVIDENTEMENTE, UM LIDER NATO, UMA
INTELIGÊNCIA FRUSTRADA, MAL ORIENTADA. EDUCADO QUE TIVESSE SIDO, TERIA TIDO
CARREIRA FELIZ EM ATIVIDADES MENOS CONTUNDENTES.
A CULTURA É CONSIDERADA COMO UM
BEM DA CIVILIZAÇÃO, MAS, COMO TODOS OS BENS, TEM SIDO UM PRIVILÉGIO. OS
PRECONCEITOS SOCIAIS CRIARAM OS PRECONCEITOS PROFISSIONAIS, E NUNCA SE ESPERA
QUE O INDIVÍDUO OCUPADO EM TRABALHOS ARTESANAIS POSSA APRECIAR OS VALORES
CULTURAIS. CONTUDO, PASCAL POLIA LENTES..... FALTANDO CULTURA, FALTA O
ESTÍMULO, FALTA AQUELE DESEJO NATURAL DE PROGREDIR MATERIALMENTE. SE ESSE
DESEJO VEM ANTES DO ANSEIO PELA EVOLUÇÃO MORAL E ESPIRITUAL É QUE TAL ANSEIO
DEPENDE, MUITO MAIS DO QUE SE IMAGINA, DO TIPO DE VIDA MATERIAL QUE LEVA O
INDIVÍDUO.
TEMOS, É VERDADE, UMA ESTUPENDA
DISSEMINAÇÃO DE ESCOLAS DE CURRÍCULO SUPERIOR EM NOSSA TERRA, DANDO FALSA
IMPRESSÃO DA NOSSA EXPANSÃO CULTURAL, JÁ QUE PARA ALI NÃO SE ENCARREIRAM AS
VERDADEIRAS VOCAÇÕES, OS LIGÍTIMOS TALENTOS, MAS AQUELES QUE TÊM CONDIÇÕES
SOCIAIS E ECONÔMICAS PARA TANTO. AS EXCEÇÕES EXISTEM, MAS NÃO É POSSIVEL
ARGUMENTAR COM EXCEÇÕES. O DIPLOMA UNIVERSITÁRIO, E NÃO A CULTURA, É HOJE UMA
OBSESSÃO, A JULGAR PELO NIVEL CULTURAL DA GRANDE MAIORIA DOS DIPLOMADOS. BEM DA
CIVILIZAÇÃO. SIM. MAS ALCANÇÁ-LO É UM PRIVILÉGIO DESSA MESMA CIVILIZAÇÃO, QUE
NUNCA VAI APRENDER A DAR A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR. (Crônica, publicada no jornal A
Tribuna de Santos no dia 10 de dezembro de 1979)