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Ontem
eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se
queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com
alguma incompreensão. Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter
a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é
assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo
tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum
deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.
Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas
filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora,
independente – e mora sozinha. Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho
e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa
importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.
“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a
cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém
para me sentir feliz nessas horas”. Faz alguns anos, eu estava perdidamente
apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas
semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de
acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme
daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor. Hoje,
olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era
desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os
silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que
andou. Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma
percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida
interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais
pobre. A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma
densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma
reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens
simplesmente desconhecem. A maior parte dos homens parece permanentemente
voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que
está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para
dentro, onde dói. Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária,
mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso
soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu
vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que
me consome? A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse
ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo
barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa.
Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a
negligência pela vida interior – com apoio da publicidade. Se todo mundo
ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as
beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia,
sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a
economia não anda. Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e
mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em
nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos. Homens saem para o mundo e o
transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os
passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora
começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer. Mas, enquanto isso
não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não
imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de
todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha. Como diz a minha
prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as
pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios
pensamentos. Nem sempre é fácil. (Autoria IVAN MARTINS, editor da Revista ÉPOCA, recebido por e-mail).
rosana 159p · 721 semanas atrás
rosana 159p · 721 semanas atrás
rosana 159p · 721 semanas atrás
rosana 159p · 721 semanas atrás
ATÉ AMANHÃ COM POST NOVINHO
RESPONDI OS RECADINHOS DE SÁBADO TAMBÉM
BJOSS SURTADINHOSSS
rosana 159p · 721 semanas atrás
rosana 159p · 721 semanas atrás
OS BICHINHOS NO MEU NOME NO SÁBADO E OS URSINHOS HJ
KKKKKKKKKKKKKKK
rosana 159p · 721 semanas atrás
rosana 159p · 721 semanas atrás
LUCII
rosana 159p · 721 semanas atrás
QUE LINDO LUCI
ADOREI
rosana 159p · 721 semanas atrás
BOA NOITE LUCI QUERIDA
rosana 159p · 721 semanas atrás
Bjus.
OI LIBERDADE
ESPERO QUE O SEU DOMINGO TENHA SIDO MUITO BOM
BJOSS SURTADINHOSS
rosana 159p · 721 semanas atrás
CHEGUEIIII
luci_loureiro ╭•⊰✿ 132p · 721 semanas atrás
Mini Recados - Mensagens e Imagens!
luci_loureiro ╭•⊰✿ 132p · 721 semanas atrás
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luci_loureiro ╭•⊰✿ 132p · 721 semanas atrás
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luci_loureiro ╭•⊰✿ 132p · 721 semanas atrás
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liberdade♥☼ஐ♣☼ஐ♣♥ 121p · 721 semanas atrás
Bjus.