17 de jul. de 2011

O DIREITO AO FODA-SE


Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e 
criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzam com  
maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.
É o Povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português 
vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a 
vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente 
simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu 
jeito, sua índole.
"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz idéia de maior 
quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase 
uma expressão matemática, física. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o 
Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto dela 
pra caralho, entende?
No gênero do "Pra caralho", mas no caso expressando a mais 
absoluta negação está o famoso e crescentemente utilizado "Nem fodendo!". 
Que nem o "Não, não e não!" e nem tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma 
credibilidade "Não, absolutamente não!" substituem.
O "Nem fodendo" é irretorquível, liquida o assunto. Te libera , com a 
consciência e o ego tranqüilos, para outras atividades de maior interesse 
em sua vida.
Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir 
surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo
"Huguinho, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente 
se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e 
você fecha os olhos e volta a curtir o novo CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde 
nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo 
escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível 
imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como 
comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra 
nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O 
"porra nenhuma", como vocês vêem, nos provê sensações de incrível bem estar 
interior.
É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um 
canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone","repone" 
e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um
"Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, 
cadenciadamente, sílaba por sílaba...Diante de uma notícia irritante 
qualquer um Puta-que-o-pariu! dito assim te coloca outra vez em seu 
eixo.Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar 
a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores 
dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e 
reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o 
bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do 
suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:
"Chega! Quer saber mesmo de uma coisa? Vai tomar no olho do seu cu!".
Pronto,você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a 
camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um
delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade 
de "foda-se!" que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do"foda-se!"? O"foda-se!" 
aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as
coisas. Me liberta.". Não quer sair comigo? Então foda-se!.". "Vai querer 
decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!"

O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na constituição 
brasileira.
Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Foda-se.
AGRADECENDO A GRANDE IARINHA
PELO MATERIAL...


BUENAS DEPOIS DISSO...
PODEM ATÉ QUERER MEU RIM...
MAS F.....
BOM DOMINGO
BEIJOS SURTADOS