1 de fev. de 2012

Felicidade Comprada e as Compulsões, por Ercilia Magaldi


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Gosto de fazer compras, principalmente quando estou carente. Comprar qualquer coisa é sempre muito bom, traz a ilusão de se preencher um vazio com aquilo que se está adquirindo. Compro muitos sapatos e relógios porque com o meu peso atual está difícil comprar qualquer vestimenta, não sou o padrão da moda, sou o padrão das tias e nonas que minha família tanto valorizou. Até hoje escuto dos tios e tias: Bela como estás bem, forte, com saúde, corada....E escuto do marido e das amigas: você precisa dar um jeito de emagrecer, você não para de engordar! 
Não sou maior que minhas tias e minhas nonas, mas estou maior que a expectativa do entorno que me envia dupla mensagem o tempo todo: coma Big Mac, Pizza Hut, Lazanha Sadia, beba coca-cola, etc. e ao mesmo tempo quer me fazer entrar num vestido tamanho 42 que equivale ao 36 de 20 anos atrás. Para diminuir a frustração compro doces e congêneres. Compro bijuterias, perfumes, echarpes, bolsas e uma infinidade de coisas que não preciso para se somar àquelas coisas todas que tenho em excesso e das quais jamais tive necessidade.
 Faço muitas coleções já que viajo muito e gosto de trazer lembranças, tenho uma casa muito bonita com uma imensa variedade de “coisas”. Tantas coisas....
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Na verdade trocaria todas por um pouco de paz, felicidade e esperança. Mas isto não é possível comprar. 
Como ser feliz vivendo nas relações conflituosas de uma modernidade que vê seus jovens se esvaindo nas drogas, nos transtornos alimentares, nas gangs? Qual será o futuro desta geração que se preocupa tanto com o visual que ser anoréxica e bulímica é sinal de beleza e te faz ganhar um concurso de modelo da maior rede televisiva das Américas? As drogas e o álcool são mais populares e freqüentes que qualquer outra coisa que possa estar atraindo a juventude. Temos medo de ter nossos filhos atraídos pelo submundo das gangs, do tráfico, das dependências, dos abusos e das compulsões porque tudo que lhes é oferecido para comprar está vinculado a idéia de uma felicidade impossível de ser conquistada de outra maneira. As drogas iludem com um êxtase fugidio, rápido e mortal. Assim como o falso glamour das revistas e da televisão. 
Eu gostaria de ter apenas o necessário para ser feliz, e para isto preciso realmente de muito pouco: uma casa digna, um emprego em que me realize, um marido que eu ame e
uma certeza de que meu filho terá um futuro digno, livre das drogas, com capacidade produtiva e possibilidade de ser e fazer alguém feliz. E que como eu a sociedade possa partilhar destas mesmas bênçãos.
Só quem tem muito e não tem o essencial vai poder entender este artigo.


AGRADECENDO NOSSA AMIGA ERCILIA POR GENTILMENTE TER NOS AUTORIZADO A PUBLICAÇÃO DE SEU ARTIGO EM NOSSO BLOG!

BEIJOS SURTADOS,