6 de dez. de 2019

AS PSICOPATIAS ABERTAS DA América Latina...

Imagem original: https://www.kobo.com/br/pt/ebook/as-veias-abertas-da-america-latina
Modificada por R.G.




Há muitos anos li o livro cuja capa abre essa postagem: "As veias abertas da América Latina" e devo confessar que pouco recordo do seu conteúdo, sei qual o tema, do que se trata e tal...
Porém, algo que é premente em minha memória sobre esse livro, é a sensação de mal-estar e não pertencimento ao ter feito essa leitura. 
Tanto tempo depois, do nada vem na memória apenas o título e com ela volta aquela mesma sensação, só que agora há uma tentativa atual e meio escrota de entender o país em que vivo hoje. Para entender o que pretendo escrever aqui, saibam que esse livro é um clássico que trata da espoliação da América Latina desde a chegada dos europeus.
Ao tentar entender o país em que vivo hoje, a memória voltou porque agora a espoliação, a humilhação, a vergonha foram adicionadas ao contexto psicológico, quase um déjà-vu piorado!
A sensação é complexa, pois o que vejo, leio, assisto e ouço traz uma preocupação quase egoísta: 'Quando acabarem com o País, vou estar viva para ver?'; quase egoísta porque não consigo entender como mudamos tanto em tão pouco tempo, onde foi parar a empatia, o amor próprio, o respeito às leis, aos credos?
Quando uso o termo 'acabar', não apenas no sentido político (nesse quesito a história brasileira é cheia de altos e baixos), mas particularmente no sentido humano. Aonde foram parar as nossas humanidades? Aquilo que nos diferencia dos 'bichos-escrotos' que perambulam por nossas mentes?
Culturalmente é sempre mais fácil catalogar os seres humanos como bons ou ruins; essa dicotomia sórdida que engessa nossos sentidos e faz com que vivamos sempre analisando, julgando e sentenciando os erros dos outros, sem nunca realmente tentarmos olhar os nossos.
Ao mesmo tempo, você para, analisa e pergunta-se: que diferença faz? As pessoas parecem não ter mais medo em exporem suas doenças mentais, seus preconceitos, suas mensagens deturpadas, suas ignorâncias...
As psicopatas típicas são consideradas doenças mentais graves, particularmente ligadas à incapacidade de demonstrar medo ou remorso, de amar, de aprender com as experiências, mas acima de tudo o psicopata demonstra um egocentrismo maior que qualquer coisa que possa-se imaginar...
Ter consciência que somos essencialmente bons e ruins ao mesmo tempo, ou demonstrar essas facetas conforme nos sentimos ameaçados, e/ou no restante do tempo sermos apáticos e conformados faz parte da vivência humana em qualquer lugar do mundo...
Agora o que não dá para entender é o povo brasileiro aceitar de forma tão cordata abusos sem fim, aplaudir a barbárie, perder a empatia, ir contra tudo que não for a sua crença e aceitar as explicações e ações mais estapafúrdias sem nem ao menos verificar se possuem algum significado ou verdade...
Estamos vivendo em um hospício latino-americano - sim, porque apesar de não parecer, o Brasil está contido dentro da América Latina - cheio de pessoas normais que não sabem o que fazer porque no passado espoliaram seu ouro, e agora lhe roubam a única coisa que era importante: a dignidade.
Tristes tempos...
R. Gravina