20 de out. de 2010

NÃO MUDA NADA....


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A ganância que mata

Noticiam os jornais, de vez em quando, a descoberta de medica­mentos falsificados, entregues ao consumo público em quantidades impressionantes. Ainda recente­mente essas notícias referiram-se a antibióticos. O fato é divulgado, e logo depois faz-se silêncio sobre ele. Porque, se temos notícia de assassínios, fraudes, peculatos, estelionatos, transgressões de to­da espécie e tipo, dificilmente chegamos a conhecer os resulta­dos de inquéritos que, segundo consta, foram abertos, e bem pou­co, ou nada sabemos do que se terá passado com os culpados, e quais foram as providências toma­das por que de direito para salva­guardar os interesses do povo, e mais do que os interesses, a pró­pria vida de cada qual.
O assassínio puro é simples, à mão armada ou à mão limpa, fru­to de velho ódio, ou de súbito fu­ror, inspirado pelo ciúme ou pelo despeito, consequência de roubo, assalto, bebedeira, mas assassínio cara a cara, motivado, enfim pelo mais estúpido dos motivos que se­ja tem uma explicação, embora não tenha justificativa nem des­culpa. Há uma explicação até pa­ra o assassínio encomendado ao pistoleiro. O mandante odeia al­guém. O instrumento não odeia, mas exerce uma atividade, e, exercendo-a, arrisca sua liberda­de e sua vida. A falsificação de medicamentos, entretanto, é uma forma de assassínio a frio, sem alvo e sem motivação, é crime dos mais vis, porque cometido de em­boscada segura, e num atirar às cegas, sem que se saiba quem vai ser ferido.
O falsificador, tornando inócuo o medicamentos que a determi­nado instante será a salvação de uma vida, o amparo de um cora­ção que declina, o guardião de um corpo que a infecção empurra para seu fim, está matando quem jamais viu, quem nunca o preju­dicou, consciente ou inconscien­temente. Está matando sem ódio, sem paixão, sem motivo. Quer di­nheiro, apenas, quer satisfazer sua ganância, e não tem coragem de procurar esse dinheiro no roubo despejado, no roubo em que se pode ficar na mira de um poli­cial ou do próprio roubado, no roubo que dá cadeia e escândalo e arruina um nome e uma existên­cia, onde o ladrão se expõe no próprio momento em que o co­mete.
Não! Ele é demasiado inteli­gente para isso: sabe como matar e roubar sem que fiquem vestí­gios, sabe como matar e roubar a distância, bem protegido. Tam­bém matam, lenta e seguramente os que fornecem as drogas que levam à idiotice, à loucura, à mor­te, os que servem o último copo ou já intoxicado, trazendo-lhe a completa perda do domínio do seu corpo, da sua mente, da sua dignidade. E também esses por aí andam, impunes e regalados, cevados no lamaçal onde chafur­dam seus clientes, fartos de um vampirismo exercido à solta.
Ganância! Avidez pelo dinheiro, avidez pelo poder. Erguem-se contra tudo e contra todos, na ce­gueira de obter as únicas coisas que têm importância para a po­breza de espírito de muita gente.
Nair Lacerda – 10/02/1996 
Crônica de Nair Lacerda, publicada na Tribuna de Santos no dia 10 de Fevereiro de 1996. Fonte http://www.santoandre.sp.gov.br/biblioteca/nl/cronicas/190lacerda

E FOI ESCRITO EM 1996, E  NESTA SEMANA FOI PRESA UMA QUADRILHA QUE ESTAVA VENDENDO REMÉDIO FALSIFICADO.
NADA MUDOU.
BJOSS SURTADINHOSSS
ROSANA

temos um longo caminho pela frente...
boa quarta!

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