2 de jan. de 2012

TUDO IGUAL NO QUARTEL DE ABRANTES...




Uma fábula à álcool - Celio Pezza

Era uma vez, um país que disse ter conquistado a independência energética
com o uso do álcool feito a partir da cana de açúcar.
Seu presidente falou ao mundo todo sobre a sua conquista e foi muito
aplaudido por todos.

Na época, este país lendário começou a exportar álcool até para outros
países mais desenvolvidos.
Alguns anos se passaram e este mesmo país assombrou novamente o mundo quando
anunciou que tinha tanto petróleo que seria um dos maiores produtores do
mundo e seu futuro como exportador estava garantido.

A cada discurso de seu presidente, os aplausos eram tantos que confundiram a
capacidade de pensar de seu povo.

O tempo foi passando e o mundo colocou algumas barreiras para evitar que o
grande produtor invadisse seu mercado. Ao mesmo tempo adotaram uma política
de comprar as usinas do lendário país, para serem os donos do negócio.

Em 2011, o fabuloso país grande produtor de combustíveis, apesar dos alardes
publicitários e dos discursos inflamados de seus governantes, começou a
importar álcool e gasolina.

Primeiro começou com o álcool, e já importou mais de 400 milhões de litros e
deve trazer de fora neste ano um recorde de 1,5 bilhão de litros, segundo o
presidente de sua maior empresa do setor, chamada Petrobras Biocombustíveis.
Como o álcool do exterior é inferior, um órgão chamado ANP (Agência Nacional
do Petróleo) mudou a especificação do álcool, aumentando de 0,4% para 1,0% a
quantidade da água, para permitir a importação. Ao mesmo tempo, este país
exporta o álcool de boa qualidade a um preço mais baixo, para honrar
contratos firmados.

Como o álcool começou a ser matéria rara, foi mudada a quantidade de álcool
adicionada à gasolina, de 25% para 20%, o que fez com que a grande empresa
produtora de gasolina deste país precisasse importar gasolina, para não
faltar no mercado interno.

Da mesma forma, ela exporta gasolina mais barata e compra mais cara, por
força de contratos.

A fábula conta ainda que grandes empresas estrangeiras, como a BP (British
Petroleum), compraram no último ano várias grandes usinas produtoras de
álcool neste país imaginário, como a Companhia Nacional de Álcool e Açúcar,
e já são donas de 25% do setor.

A verdade é que hoje este país exótico exporta o álcool e a gasolina a
preços baixos, importa a preços altos um produto inferior, e seu povo paga
por estes produtos um dos mais altos preços do mundo.

Infelizmente esta fábula é real e o país onde estas coisas irreais acontecem
chama-se Brasil.


CELIO PEZZA é escritor.

....em tempo: Por isso que não gostam da imprensa. (FONTE: JORNAL O GLOBO)



BOA SEMANA POVO SURTADO!